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Pandemia e educação: “A gente só digita. Perdeu-se o debate de ideias”



A pandemia originada pelo novo coronavírus, o covid-19, mudou a vida de milhares de educandos/as e educadores/as. Escolas precisaram adaptar-se a nova realidade e promover mesmo que a distância, atividades como forma de “compensar” o tempo de quarentena, de isolamento social que se faz importante para prevenir a contaminação em grande escala, como acontece já em vários países do mundo. No entanto, o que os educadores e estudantes relatam é a forma como o governo federal e estadual vem tratando essa questão e tem implantado suas políticas que vão contra o processo educativo que se orienta pelo diálogo e entendimento das diferentes realidades.


Quem fala sobre isso é a estudante de 18 anos, do Colégio São Miguel, de São Miguel do Oeste, no Extremo-oeste catarinense, Poliana Ester Pinotti. “O ensino a distância não funciona. Lembro que acompanhei algumas discussões sobre o novo ensino médio e a tentativa do governo em implantar a todo custo o ensino a distância e agora, é claro que com a pandemia nós precisamos permanecer seguros em casa, mas o governo usa isso para implantar suas políticas”, disse.


Poliana relata que tanto os estudantes quanto os/as educadores/as sentem-se pressionados e a carga de trabalho aumentou. “Os professores se aprimoraram e estudaram para estar em sala de aula. A gente percebe que eles não estão bem com essa situação toda e, além disso, nos grupos de sala de aula (whatsapp) é uma bagunça, muita coisa pra fazer, não dá tempo de fazer”.


“Estamos ficando com o ensino empobrecido, vai terminar o ano sem a gente saber quase nada e isso não funciona e nunca vai funcionar”


A estudante também relata a falta de estrutura para que o ensino seja de acesso a todas e todos. “Cada um precisa ter seu computador, celular e muita gente não tem e mesmo quem tem, não dá pra fazer algo bom. Quem mora no meio rural tem dificuldades, são realidades diferentes. Os estudantes não estão gostando, não pode estar perto, debater, aprender um com outro. A gente só manda uma opinião, mas não escuta a opinião do outro, acaba por ali, desvaloriza o debate, a fala, o escutar. Só digitamos, não há um debate. Estamos ficando com o ensino empobrecido, vai terminar o ano sem a gente saber quase nada e isso não funciona e nunca vai funcionar”, desabafou.


A estudante acrescentou ainda que existe uma desvalorização e os/as educadores/as estão esgotados. “O estudante em casa não debate e nem questiona, tudo funciona só pela nota, estudantes que sabem o conteúdo copiam e colam da internet, não existe criação de conteúdo, só copiando e colando. O governo quer isso, estudantes que não pensam. Os professores que já estavam cansados e desvalorizados sentem-se piores e o governo debocha com a profissão. São tempos sombrios”.


A educadora Gicele dos Santos, que atua no município de Barra Bonita destaca que essa é uma fase muito difícil para todos e todas. “Vejo que é uma angustia grande, vejo que quem está trabalhando online não tem tempo de respirar. Recebemos uma enxurrada de informações, mas é muita coisa ao mesmo tempo, acabamos não conseguindo assimilar tudo”, disse.


“Acredito que precisamos de uma quantidade menor de atividades e nos cuidar para não adoecer, a imunidade vai baixar e ficaremos debilitados também”


Gicele disse ainda que os/as educadores/as estão tendo que “dar conta do recado”, mesmo sem estrutura e diante de uma pandemia. “Sei que precisamos nos habituar ao momento e situação. A educação a distância não é opção, as atividades não possuem emoção, sentimento, os pais ao mesmo tempo estão também angustiados, não sabem como ajudar os filhos e a culpa certamente não é dos professores/as. Acredito que precisamos de uma quantidade menor de atividades e nos cuidar para não adoecer, a imunidade vai baixar e ficaremos debilitados também”, enfatizou.


A professora finalizou dizendo ainda que o/a professor/a é pouco valorizado pelo sistema e sente-se no dia a dia, o quanto a presença dos/as profissionais da educação é importante como motivadores/as do ensino aprendizagem.


Perda de direitos (matéria publicada em Sinte.SC)


Ao propor o não pagamento de direitos históricos como triênios e progressões e reajustes previstos em lei, que ultrapassa a casa 17% na carreira do magistério, o governo Moisés considera que o principal problema no enfrentamento a pandemia de coronavírus são os direitos dos servidores públicos, através da Medida Provisória 227 e da Resolução 10 do Grupo Gestor de Governo, que atacam diretamente os servidores efetivos ativos.


O SINTE/SC orienta a cada servidor público que entre em contato com os deputados estaduais para barrarem mais esse ataque ao serviço público e denunciar tais ações do Moisés. Este é o dever de cada profissional da educação. Vamos lutar para impedir essa medida descabida e imoral.

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31/10/23:  Exposição de Arte Escandinava

 

6/11/23:  Arte em Vídeo Pelo Mundo

 

29/11/23:  Palestra: História da Arte

 

1/12/23:  Festival de Cinema Indie 2023

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